A colelitíase ou pedra na vesícula é uma das entidades cirúrgicas mais comuns nos adultos a partir dos 20 anos. Estima-se que cerca de 15% da população geral terá colelitíase durante a vida, sendo mais frequente entre as mulheres. Existem 3 tipos de cálculos da vesícula: os de colesterol, os pigmentares e os mistos, sendo que o primeiro tipo é o mais comum, englobando cerca de 80% deles. Mas como se formam essas pedras?
A digestão de gorduras da dieta é feita pela bile, substância produzida no fígado diariamente e composta por sais biliares, bilirrubina (pigmento da bile), colesterol, fosfolipídios, eletrólitos e água. A maioria é excretada diretamente no intestino delgado e outra parte armazenada na vesícula biliar, principalmente durante o jejum.
Os cálculos da vesícula biliar se formam a partir do aumento da quantidade de colesterol e de sais biliares presentes na bile, influenciados principalmente pela dieta rica em gorduras, causando um desequilíbrio e precipitação de micro cristais.
Associado a esse desequilíbrio, outro fator importante é a estase biliar, causada principalmente por jejum prolongado e diabete. Na gestação, a progesterona diminui o esvaziamento da vesícula contribuindo para o aumento da formação de cálculos. Esses dois fatores juntos (aumento de colesterol e estase da bile) favorecem o surgimento da pedra na vesícula.
Entre os principais fatores de risco para sua formação temos o sexo feminino, idade acima de 20 anos, obesidade, múltiplas gestações e história familiar. A cirurgia bariátrica é outro fator que aumenta em até quatro vezes a chance de colelitíase devido à perda muito rápida de peso. Sabe-se ainda que alguns fatores como café, proteína vegetal, exercício físico e uso de estatinas protegem contra a colelitíase.
Na maioria das vezes essas pedras não causam sintomas, porém a longo prazo podem evoluir com complicações como cólica biliar (dor abdominal após alimentações na região da vesícula), colecistite aguda (inflamação da vesícula), pancreatite aguda (inflamação do pâncreas) ou icterícia. O diagnóstico é feito por meio de exame de imagem (principalmente a ultrassonografia de abdome) associado a anamnese direcionada.
O tratamento da colelitíase é quase sempre cirúrgico e por meio de laparoscopia, com a retirada da vesícula e de seus cálculos. A intenção é operar antes de desenvolver alguma das complicações já citadas. Por isso, em caso de sintomas de cólica biliar ou diagnóstico de pedra na vesícula, procure um cirurgião para uma avaliação mais completa.