Sabemos que a obesidade é extremamente complexa e que não possui uma única causa para seu desenvolvimento. O controle da massa corpórea depende de diversos fatores: hormonais, genética e ambientais. Quando falamos em fatores ambientais, dizemos a respeito de estímulos que nosso corpo recebe, ou seja, o padrão da alimentação, sedentarismo ou atividade física, equilíbrio ou desequilíbrio emocional/ psicológico (ansiedade, depressão etc) e…. o sono!
Estudos mostram que a privação de sono ou noites de sono de má qualidade interferem na regulação hormonal da fome e no padrão da alimentação. Vamos simplificar e entender.
A Leptina é um hormônio que inibe a fome, ou seja, sinaliza para o seu corpo a sensação de saciedade ou o “não comer”. Já a Grelina sinaliza o apetite, ou seja, “vontade de comer”. Há ainda uma quebra do ritmo biológico do sono-vigília e alterações no cinco circadiano que elevam o hormônio Cortisol, conhecido como “hormônio do estresse”.
Pacientes com privação de sono, ou seja, com horas insuficientes de sono ou com sono de má qualidade apresentam menores taxas de Leptina circulante no corpo durante o dia e maiores de Grelina, levando a uma condição maior de FOME do que de SACIEDADE.
Além disso, estudos mostram (e a prática de consultório também) que pacientes com “sono ruim”, acordam com sensação de cansaço e isso perdura o dia inteiro. Essa condição física e psicológica traz indisposição, o que diminui consideravelmente a chance de realizar atividades físicas programadas e até mesmo de mobilidade e produtividade durante o dia.
Traz ainda uma sensação de fome que somada à questão psicológica do cansaço e ao valor emocional que é dado aos alimentos uma chance maior (e muito maior) da ingesta de doces, bolachas, biscoitos, chocolates, bolos etc, seja em grande quantidade de uma única vez (um comportamento mais compulsivo) ou com o hábito beliscador durante o dia. Pode desencadear também consumo com alta frequência de líquidos açucarados como vários cafezinhos com açúcar durante o dia, refrigerantes ou energéticos.
Portanto, noites de sono mal dormidas podem criar um ambiente hormonal e ambiental extremamente favorável à obesidade ou ganho de peso, assim como dificultar o processo de emagrecimento seja no pré quanto no pós operatório.